A cada grampo que enfio em meus cabelos, penso em você.
Todas as ruas dessa cidade, caminham num pensamento:
você.
Essa idiotice de estar sofrendo assim, essa saudade...
Você. Você. Você.
Eu aqui, sozinha, acompanhada, rindo, chorando, com vertigens.
Acho que estou caindo.
O estômago embrulha como na montanha-russa.
Você não é mais meu.
Você nunca foi meu.
Você nunca quis ser meu.
Estaríamos juntos se você quisesse.
Mas você disse:
não posso.
Não quero.
Preciso ficar longe.
Preciso deixar nós dois para trás
e ser somente um.
Você quer ser um.
Vou até o espelho, ajeito os meus cabelos de crina de cavalo,
entupo a cabeça de grampos resistentes.
Nunca mais cortarei um fio sequer.
Eles irão crescer, o tempo que me distancia de
você.
Os terei presos durante o dia.
Soltos à noite. Uma Rapunzel.
Cada centímetro será mais um mês que passou desde o dia
último em que nos vimos.
Você disse: preciso estar uno.
Agora estou sozinha, você amputou-se de mim.
Nunca mais cortarei esses cabelos
que você dizia amar.
Talvez numa madrugada insone, ou até dormindo,
quem sabe em sonho?, você suba até o meu quarto,
minha cabeça, e cansado do ímpar, implore:
deixe-me grudar de novo meu corpo no seu.
Se isso acontecer, príncipe encantado, eu retrucarei:
"Redime, ó Deus, Israel de todas as angústias",
minha memória, permita-me o esquecimento!
Então poderei cortar a minha trança,
esse calendário vivo, grosso,
negro brilhante em fios de um quase nylon,
pois a minha vida estará de novo começando.
Todas as ruas dessa cidade, caminham num pensamento:
você.
Essa idiotice de estar sofrendo assim, essa saudade...
Você. Você. Você.
Eu aqui, sozinha, acompanhada, rindo, chorando, com vertigens.
Acho que estou caindo.
O estômago embrulha como na montanha-russa.
Você não é mais meu.
Você nunca foi meu.
Você nunca quis ser meu.
Estaríamos juntos se você quisesse.
Mas você disse:
não posso.
Não quero.
Preciso ficar longe.
Preciso deixar nós dois para trás
e ser somente um.
Você quer ser um.
Vou até o espelho, ajeito os meus cabelos de crina de cavalo,
entupo a cabeça de grampos resistentes.
Nunca mais cortarei um fio sequer.
Eles irão crescer, o tempo que me distancia de
você.
Os terei presos durante o dia.
Soltos à noite. Uma Rapunzel.
Cada centímetro será mais um mês que passou desde o dia
último em que nos vimos.
Você disse: preciso estar uno.
Agora estou sozinha, você amputou-se de mim.
Nunca mais cortarei esses cabelos
que você dizia amar.
Talvez numa madrugada insone, ou até dormindo,
quem sabe em sonho?, você suba até o meu quarto,
minha cabeça, e cansado do ímpar, implore:
deixe-me grudar de novo meu corpo no seu.
Se isso acontecer, príncipe encantado, eu retrucarei:
"Redime, ó Deus, Israel de todas as angústias",
minha memória, permita-me o esquecimento!
Então poderei cortar a minha trança,
esse calendário vivo, grosso,
negro brilhante em fios de um quase nylon,
pois a minha vida estará de novo começando.
Fernanda Young
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