quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sem Resposta

É tanta coisa junta! Estresse acumulado, tensões, coisas mal resolvidas - tem também as indesejadas e mesmo assim, acontecidas. Histórias mal contadas, finais sem seus devidos fins, vida sem finais de semana, promessas de melhorias e prazeres descartados. Sonhos esperando a gente dormir. Algumas palavras, "tantas palavras, meias-palavras, nosso apartamento"... aquele que a gente nem tem! Ainda. Na verdade, o problema é que a vida nos enche de perguntas e eu invento de querer as respostas na hora errada. A gente tem (eu tenho) que parar de enfeitar as coisas e começar a ser pelo menos um pouquinho pragmático. Fica difícil não querer seu par de pés junto aos meus na cama, num final de tarde, num desses momentos silenciosos de domingo, pra vida ficar mais fácil. Ainda mais complicado lembrar sem doer do dia em que seu nariz quase morreu no meu pescoço e nós dois ficamos daquele jeitinho, quietos, como que para sempre grudados: o nariz dele no pescoço dela. A gente nunca sabe quando e como começa, a gente nunca sabe de nada... mas a gente tem que parar de botar problema onde não tem! E botar amor onde falta. Se a blusa é rosa ou vermelha, é tudo questão de ponto de vista. Mas se é amor ou não, é questão de coração. Vezenquando penso em como a gente tem dado certo. Ou não, vai saber. Penso em como poderia ter sido sem nós dois. Sem você pra mim, sem eu pra você. E é quase impossível pensar nisso sem desesperar. Dias vazios ou cheios, chuvosos ou ensolarados, tristes ou felizes: só nós dois. Mais nada. Penso em como você fazia - e ainda faz – surgir novas cores pintando o meu rosto, em como você traz jardins pra perto do meu peito. Fico a imaginar se alguma vez fui capaz de te dar o mesmo que você deu a mim. Um arrepio, pelo menos. Uma música, ou tantas! Um sorriso ao lembrar alguma coisa minha, quem sabe. Aquela saudadezinha insistente, só pra alimentar esse amor meu, mesmo que de longe. Ou de perto, quase sempre. Fico louca só de pensar como seria sem você por perto. Carpinejar diz que "fraqueza quando correspondida é amor" e que "o melhor do amor é dividir o medo" e eu concordo tanto com ele! O amor tem dessas coisas, né? A gente só quer ver o outro feliz. E eu te sinto feliz, meu bem. Mesmo que seja uma daquelas felicidades confusas, de momento, misturadas com tantas outras coisas. Te vejo daqui. Te acomodo no meu coração, bem lá no cantinho, pra nunca te deixar ir. Te guardo. Já faz tempo que você vive dentro de mim, benzinho! A gente não escolhe, só sente. E diz que sim, pro desconhecido. E se reconhece nele. A onda que bate aqui é forte, mas a maré vai diminuindo. Qualquer dia desses o mar vira vinho, seco, ou suave. Mesmo assim, me deixo levar: bóio no meu coração, esse oceano que a cada dia vai ficando mais salgado. Cuidado pra você não cair dessa bóia, amor. Vê se te segura bem. Eu venho segurando até bem demais, não é? A gente aprende. Mas te cuida, que eu tô indo nesse balançar... Sei que volto, mas não te quero perdido. Te guarda. Eu te guardo. E vou.
Amar é querer ficar, mas ter que ir embora. É querer te saber; mesmo quando preciso ficar longe. Viver é estar cheio de dúvidas e não ter sequer uma resposta, um esclarecimento que ajudasse a seguir o caminho. É estar constantemente insone, dopado: vive-se sem ser. Amar é adorar pelo avesso, ser tua sem pestanejar, doando e doendo: amor. E ir vivendo, apesar de.
 
 
[Valdeline Barros]

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