[Noemyr Gonçalves]
sexta-feira, 29 de julho de 2011
flashback
Muito tempo passou, mas vez ou outra as lembranças voltam, um flashback dos momentos que tivemos. E quando a angústia é muita, a gente tende a lembrar do que dói. Você pediu para que eu fosse passar um fim de semana com você e sua família. Fui por você, fui porque pensava que isso o faria feliz. Mesmo que minha vontade de ficar fosse enorme (uns pressentimentos inexplicáveis), eu fui, porque sabia que você estava lá, e concluí que seria bom ter você por perto. Pegou em minha mão e me conduziu para fora da casa, percebi naquela tarde que já não era o mesmo, mas ainda que com o coração apertado, não pude deixar de sorrir por ter você ao meu lado em uma tarde tão linda como aquela. Sentados em frente à casa de sua avó, que mora no interior do estado onde você nasceu e cresceu, não pude deixar de notar os raios do sol fazendo festa em você, te convidando para a vida, mas você estava tão distante que não notou. Talvez você não saiba, mas a gente tem que estar atento para notar os convites que a vida nos faz. Franziu o cenho para mim. Trejeitos denunciando nervosismo. Silêncio carrancudo. Dia caindo. Lembranças tomando conta, tudo virou presente em mim. Você diz que não tem nada a dizer, mas me pergunto: como pode não ter? Eu estou aqui, eu amo você e sei o que quero, sei que iria com você para onde quer que você fosse e não entendo porque chegamos a este ponto. Como assim não tem nada a dizer? Até que ponto isto é aceitável em uma relação onde a cumplicidade deveria vir dos dois lados? Até que ponto isto é aceitável quando só o sentimento deveria importar? Não ter nada a dizer pode ser a faca da situação. Fico te olhando, esperando que você retribua o gesto e seja capaz de explicar o que está acontecendo, porque eu não entendo e não conseguiria carregar peso morto. Não consigo imaginar que sou o cego no meio do tiroteio. Às vezes você me olha de relance, mas não é como antes, você não me desvenda mais. Será que um dia desvendou? Será que tentou? Ou seria tudo invenção de uma mente com carência de afeto? Você diz que eu não entenderia, mas você jamais tentou explicar. Você diz que se sente culpado por tudo, mas não me dá o direito de levar a culpa com você pelos erros que provavelmente foram nossos. Eu peço para que me olhe, seus olhos me atravessam, não pousam mais em mim. Faz frio, seu abraço não me aquece. De olhos fechados, desejo que as coisas voltem, que você volte, mas seu cheiro já não faz parte das minhas coisas, suas palavras já não servem para a compreensão do que um dia vivemos. Deito e enquanto me mexo bagunço os lençóis cuidadosamente arrumados pelo meu perfeccionismo. Levanto a procura do rádio antigo embaixo da cama. Uma música qualquer capaz de me ajudar a pegar no sono em meio a pensamentos frenéticos. Coloco aquele CD que me deu de presente, atiçando a dor. Uma hora e meia de músicas que têm um pouco de nós. Não sei se destino ou desatino, mas aquela canção que me dedicou, não tocou.
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Que carinho :) Textos meus por aqui ^^
ResponderExcluirObrigada mesmo!
Um beijão =**