segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Não sei amar, mas te amo!

Vou fugir. Vou desistir. Sou estranha mesmo, nunca escondi. Quando você achar que estou feliz, estarei me magoando aos poucos. Se você soubesse o que as palavras significam para mim. Pra mim é tudo muito grave. Sou uma desesperada. O que você diz brincando, ou que acha que eu nem prestei atenção, é justamente o que eu nunca vou esquecer. Minha sensibilidade e minha memória são meus piores castigos. Eu sempre vou querer mais. Meu amor é como uma raiz estrangulante. Minha carência não tem fim. Você sabe que eu odeio domingos, e eu odeio me sentir sozinha, principalmente quando o céu já está dessa cor. Dói, e dói muito. Você chega invadindo minha solidão, entrando na minha vida, fazendo eu acreditar que o amor é bom. Mas vai embora enquanto o que eu mais queria era que você ficasse. Você vai embora e me deixa com fome, com sede, incompleta, confusa, despedaçada. Com raiva por ser dependente. Não gosto de me sentir assim. Eu não sei amar, entende? Eu sei é ficar esperando um amor que nunca chega. Tenho vergonha de dizer que preciso de ti. Me despedi com um sorriso casual, como se não estivesse me importando. Mas virei as costas já com raiva de mim mesma, porque sei que meu amor é doentio. E tenho de escondê-lo como se fosse um vício, um defeito grave, um distúrbio alimentar. Se eu não tivesse conseguido me conter, teria me ajoelhado na tua frente, agarrado tuas pernas e entre lágrimas e soluços, teria dito "fica, fica. Fica comigo, por favor não vai embora agora, que tenho medo de ficar sozinha, porque quando fico sozinha num entardecer nublado e frio de domingo tenho vontade de desistir de tudo. Fica agora, eu estou pedindo. Só vai embora quando esse aperto no meu peito passar." Mas eu não disse, e você foi embora achando que eu fiquei bem. Não sei amar, mas te amo. A tua falta me faz mal. E entre pouco e nada, fico com aquilo que não dói tanto. Mas espera! Volta. Adivinha meus pensamentos destrutivos e volta. Me impede de desisitir. Vem e me sufoca com o teu amor, e não me deixa morrer assim, aos poucos, tão sozinha, nessa noite de domingo.

Renata Bezerra
P.S: aconteceu bem assim, num dia de domingo...

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